Palavras-chaves: relação trabalho-educação; fundamentos histórico-filosóficos da educação; educação politécnica.
Este artigo nos leva a conhecer melhor os fundamentos históricos ontológico da relação trabalho e educação.
Ele nos mostra esta relação em diversas etapas, é muito elucidativo ao explicar os conceitos básicos de como nasceu o capitalismo, o comércio, a divisão de classes e consequentemente a divisão da educação, passando pelo comunismo primitivo e avançando no tempo até o comunismo de Marx e Lenin e a discussão sobre educação politécnica e como ela ocorre hoje e algum tempo atrás, quando o mundo mudou e passou a exigir profissional mais qualificado e exercendo mais funções.
O artigo abordou os seguintes assuntos:
– Trabalho, Educação, Escola, Capitalismo, Comércio, Comunismo, Politécnica, Politecnicismo e Técnologia. Ele foi divido em:
- Fundamentos histórico-ontológicos da relação trabalho-educação.
- A emergência histórica da separação entre trabalho e educação.
- Questionamento da separação e tentativas de restabelecimento do vínculo entre trabalho e educação.
- Esboço de organização do sistema de ensino com base no princípio educativo do trabalho.
Conclusão: A controvérsia relativa à politecnia
Referências: Aqui o autor cita as fontes bibliográficas onde ele baseou seu trabalho, obras de: BAUDELOT, Christian; ESTABLET, Roger; François Maspero; BERGSON, Henri; GRAMSCI, Antonio; Einaudi; LEMME, Paschoal; MANACORDA, Mario Alighier; Armando Armando; Cortez/Autores Associados, 1989; MARX, Karl; ENGELS, Friedrich; Grijalbo; NOSELLA, Paolo; PISTRAK, Moisei; FERRETTI, Celso J.; ZIBAS, Dagmar M. L.; MADEIRA, Felicias R.; FRANCO, Maria Laura P. B. ; Autores Associados, 2005;
O autor discute a importância do trabalho para os homens e coloca o ponto de vista de filósofos famosos como Aristóteles que acreditava que a diferença do homem e dos outros animais seria a racionalidade, mas considerava o trabalho como não digno dos homens livres.
Outros filósofos como Bergson acreditava que o Homem se destaca da natureza para existir e produzir sua própria vida, diferente dos animais que se adaptavam a natureza, no nosso caso nós adaptamos a natureza a nós.
O trabalho é o ato de agir sobre a natureza transformando-a em função das necessidades humanas.
Tivemos no início o comunismo primitivo nas comunidades primitivas, onde tudo era compartilhado e não havia divisão de classes.
A Educação era considerada vida, hoje não mais, pois, é apenas uma preparação para a vida. A divisão de classes sociais modelo vigente até hoje surgiu com a apropriação privada da terra e o desenvolvimento da produção do trabalho.
A verdade é que com a divisão de classes a Educação também se dividiu.
O capitalismo nasceu com a economia de mercado e as trocas de produtos e acima de tudo com a produção para estas trocas.
A sociedade passa a ser mais urbana que rural e mais industrial e menos agrícola.
A Revolução industrial correspondeu a uma revolução educacional. Segundo as reflexões de Gramsci a escola unitária criada na época é semelhante à Educação Básica nos níveis Fundamentais e Médios dos nossos dias atuais, diferenciando das escolas profissionais para trabalhadores e ciências e humanidades para os futuros Dirigentes.
São criados os primeiros currículos baseados em Linguagem, Matemática, Ciências Naturais e Sociais.
Houve uma proposta de se travar diálogos entre universitários com a classe proletária para se discutir os problemas sociais de forma superior e sendo assim evitando a passividade intelectual dos trabalhadores e impedindo que os acadêmicos caíssem no academicismo.
Neste caso o órgão que achavam que iria servir a isto seria as Academias, mas não funcionou como se esperava e hoje em dia se tornaram em cemitérios culturais.
No final foi travada uma discussão por parte do autor sobre politecnia, que é a união da escola com o trabalho. Manacorda segundo o autor propôs o termo politecnicismo como estar disponível para diversos trabalhos e suas variações e a palavra tecnologia era usada para determinar a união da teoria com a prática. As escolas que usavam esta filosofia foram criadas pela burguesia fruto da revolução industrial.
O autor discute muito na parte final do artigo sobre o termo politecnia usado por Marx e Lenin, hoje é muito mais que união de escola e trabalho, é o uso da ciência usando novas técnicas visando sanar o problema dos trabalhadores modernos que não são preparados para diversas funções no trabalho.
Hoje o ensino técnico é uma educação voltada para o trabalho, mas um trabalho moderno dos novos tempos e com novas tecnologias, inclusive numa era pós-revolução industrial, hoje se necessita de menos trabalhadores, porém, eles devem ser mais qualificados.
O artigo da forma como foi apresentado e explicado, é de grande importância para alunos do curso de Educação Física, Professores formados nesta área, Diretores de Escolas, Professores Coordenadores, enfim Gestores Públicos de Educação, Políticos e a População em geral, e nos leva a pensar nos novos rumos da Educação.
No estado de São Paulo as melhores escolas nos exames para apurar qualidade como o SARESP (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo), são as ETECs. (Escolas Técnicas do Centro Paula Souza), a diferença de nível é enorme, por outro lado em relação as escolas tidas como meramente propedêuticas, que apenas preparam o aluno para o vestibular e o nível superior.
Estas escolas estão ligadas a Secretaria Estadual da Educação e estão sendo gradualmente abandonadas, a maioria que contava com o ensino Infantil e Fundamental Ciclo I, já foram em boa parte municipalizada, algumas de Fundamental Ciclo II também entraram nesta onda, restam as de Ensino Médio e para poder tentar se preservar a maioria delas passou a fornecer cursos de nível Médio e estão fadadas a acabar.
Veja que agora para se tentar contornar o problema usando a filosofia do neoliberalismo, o governador do PSDB está fazendo parcerias com escolas privadas, pagando vagas para alunos que estão cursando o Ensino Médio normal, para fazerem cursos concomitantes de complementação, mas cursos técnicos, para saírem preparados teoricamente para a faculdade e já com um curso técnico para entrar mais fácil e qualificado no mercado de trabalho.
Um detalhe as ETECs e as faculdades técnicas chamadas de FATECs – (Faculdade de Tecnologia de São Paulo) não pertence à Secretaria estadual da Educação e sim a Secretaria de Ciência e Tecnologia, ou seja, um esvaziamento da Educação, reduzindo os recursos e terceirizando o serviço.
O artigo nos leva a pensar o quanto é preocupante hoje estas ideias que foram introduzidas no sistema e que de fato a educação esta mais pensando em trabalhar o aluno apenas para o mercado de trabalho, ainda que hoje como o autor nos disse seja necessário o trabalhador estar preparado para múltiplas funções e que o mercado de trabalho esta mais maquinizado e necessitando de menos trabalhadores e os que necessita precisam ser mais qualificados, ainda, assim o que vemos é o capitalismo determinando os rumos da educação atual e da escola.
O caso do Governo do Estado de São Paulo é grave e em breve estarão repassando tudo para a iniciativa privada e apenas valorizando o ensino profissional, quando sabemos que o “estado” deveria se preocupar em formar também alunos pensantes, com raciocínio crítico e reflexivo e isto é o que menos estão querendo fazer, ainda que tenham voltado a colocar na grade curricular das escolas de Ensino Médio as disciplinas de Filosofia e Sociologia.
Na prática o que ocorre é uma desvalorização da Educação e desestruturação da escola, pelo menos as que são tidas como tradicionais em detrimento das escolas técnicas as vedetes do momento, sem contar o repasse da responsabilidade para a terceirização no caso da rede estadual e também para os municípios, deixando de cumprir sua parte, se restringindo ao ensino profissional que para a sociedade ainda é insuficiente.
Achei a discussão sobre o termo politecnia, um pouco exagerado em relação a Marx e Lenin e a forma como usavam estes termos e seus significado, mas entendo que o autor é um pesquisador sério e conhecido e talvez tenha usado um tanto quanto de preciosismo e academicismo, mas até serviu para que pudéssemos entender este conceito como era usado na época e agora na era da informação e como foi antes na era industrial e anterior a isto.
Fonte: "Trabalho e educação: Fundamentos Ontológicos e Históricos", de Dermeval Saviani (Artigo publicado em Janeiro/Abril de 2007 na Revista Brasileira de Educação, Volume 12, Número 34, Páginas de 152 a 165 e 180) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação
Link do Texto Original na íntegra: www.scielo.br/pdf/rbedu/v12n34/a12v1234.pdf
Link do Texto Original na íntegra: www.scielo.br/pdf/rbedu/v12n34/a12v1234.pdf
Nome: Celso Rodrigo Branicio
Acadêmico do Curso de Licenciatura em Educação Física
UAB-UNB – Universidade de Brasília - Pólo Barretos-SP
Disciplina: Lazer, Trabalho e Sociedade
Autores: Dr. Edson Marcelo Húngaro e Prof. Ms. Pedro Fernando Avalone Athayde
Supervisor: Prof. Ms. Pedro Fernando Avalone Athayde
Tutora: Lis Bastos Silvestre
Turma: EDF4
Tutora: Lis Bastos Silvestre
Turma: EDF4
4º Ano / 8º semestre
Matrícula: 0871788
Matrícula: 0871788
26/11/2011
Dermeval Saviani
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Celso Rodrigo Branicio
Acadêmico de Ed. Física da UnB |
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